segunda-feira, 4 de junho de 2007

Amante do Vento

Olá pessoas! O texto que escrevi abaixo, Amante do Vento II, foi inspirado no texto de um amigo. Portanto, para entender melhor a história, leia o Amante do Vento, no blog http://sociologiaindependente.zip.net , de Farelo Martinez.

Boa viagem!

Carolina Borges (Orieta Valentim...)

Amante do Vento II

Foi num sonho que senti aquele sopro pela primeira vez. O sopro que me arrepiou a alma irremediavelmente, despertando todos os sentidos, me tirando do torpor daquela vida inútil, fútil. Comandada e vigiada por meu marido e senhor, tudo o que ouvia, o que consumia, o que falava, colaborava para morte lenta dos meus sentidos.

E os passos ritmados dos soldados, os gestos repetidos de submissão dos servos, a arrogância burra das outras damas, enfim, a puritana e triste alta sociedade, de repente começou a me divertir, porque enxergava neles o que antes também me faltava, uma vontade corajosa de dar aos sentidos importância maior do que as aparências permitiam.

Naquele dia decidi entrar na cozinha e explorar os sabores que os servos conheciam quando estavam livres dos gestos de submissão calculada. O ambiente estava tomado por um cheiro picante e ao mesmo tempo adocicado. Muito diferente da comida servida todos os dias no almoço e jantar, pois meu marido, desculpe, meu senhor, não podia com muito sal, nem com pimenta, alho, cebola, cravo, alecrim...nosso cardápio diário era tão tedioso quanto a própria vida.

Foi aquele sopro que me despertou para o aroma que vinha da cozinha já tarde, quando eu, com uma insônia crônica, passava as noites a me perguntar se a vida era só aquilo mesmo. Me aproveitei do susto dos servos quando adentrei o ambiente proibido da cozinha, numa noite sem lua, e ordenei que preparassem a receita que me atormentava há dias. Queria saborear aquele quitute de aroma doce e picante. Os servos hesitaram por um momento, mas percebi um brilho diferente, no tempo de um instante, nos olhos da senhora de longos e negros cabelos que preparava a comida, a nossa e a deles.

O que ela me serviu foi um caldo avermelhado, que duvidei ser o dono daquela aroma. Falei um pouco alto, não tanto que acordasse meu marido, mas o suficiente para assustá-los e fazê-los entender que queria mesmo provar daquele misterioso sabor. Os outros se assustaram, mas a mulher não, me estendeu novamente o pote com o caldo avermelhado e sorriu maliciosamente. Levei lentamente o líquido quente a boca e provei. Um sabor mais picante que doce desceu minha garganta aquecendo meu rosto e fazendo minhas faces corar. E de repente me senti flutuar, não calmamente, mas em meio a um vento forte e refrescante, que revirou meus cabelos e o vestido de dormir. A mulher agora ria indisfarçadamente um riso alto e sonoro, e da boca dela saiam borboletas prateadas e douradas, milhares delas, que me envolveram tocando minha pele e me fazendo arrepiar. Eu ouvia a música que saia da risada dela e sentia o arrepio das borboletas, e foi então que tive a sensação do sonho e o mesmo sopro me fez lembrar do toque dos mágicos insetos.

A confusão despertou meu marido que desceu chamando pelos guardas. Quando ele chegou, eu já estava no chão, os cabelos revirados, o vestido bagunçado deixando minhas pernas quase que totalmente a mostra. Percebi então, pelo espanto e indignação de seu rosto, que eu estava só. Todos os servos haviam fugido. Imediatamente ele expulsou os guardas ordenando que esquecessem aquela cena. Admiravelmente não senti medo algum, uma sensação de liberdade infinita tomava conta da minha mente. E antes que ele pudesse falar qualquer coisa, acabei de tirar meu vestido e o envolvi com meu corpo...

Aquele foi o último dia que o vi. Hoje sou parte do vento, e não tenho um senhor. Mas visito, em noites sem lua, um cavalheiro solitário, que emana de seu corpo uma energia poderosa, que é viril mas se entrega a mim como um menino, curioso em desvendar meus sentidos. E que tem o poder de ouvir os segredos do vento quando repousa seu rosto em meus seios após uma noite de amor.

(Orieta Valentim)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Série sobre homossexualidade

Olá pessoal!
Abaixo vocês vão econtrar a matéria completa sobre homossexualidade que o Sérgio e a Patrícia fizeram para o trabalho da Profa. Fernanda.
Leiam, comentem, briguem, concordem, enfim, registrem seus pensamentos e opiniões!

A Homossexualidade e a Sociedade

Por Patrícia Brito e Sergio Camargo



O Assunto, que sempre foi “tabu” nas discussões abertas, agora entra na pauta do Congresso Nacional.
O homossexualidade esteve presente na Sociedade desde os tempos mitológicos. As grandes orgias de Athenas já apontavam para a liberação do sexo entre iguais como uma prática natural.
Aos poucos os dogmas sociais e religiosos passaram a estigmatizar estas praticas e colocar seus praticantes ou defensores na clandestinidade. Não era de bom tom para as civilizações feudais nem para os nobres da época, bem como para a igreja, aceitar o relacionamento entre iguais. Iniciava-se aí uma verdadeira “caça as bruxas” que certamente se estende até os dias de hoje.
A sociedade contemporânea já aceita, de certo modo, algumas manifestações de preferência sexual. Ainda existe muita discriminação por parte de parte do corpo social contra aqueles que optam por se relacionarem com pessoas do mesmo sexo. Deve ser destacado comentário de Ronaldo Trindade em “Homossexualismo em São Paulo” (Pags: 253-254) quando diz: “ da ousadia de Florestan Fernandes, para quem o segmento homossexual era um grupo específico dentro da sociedade mais ampla - e não pessoas portadoras de uma patologia, como até então eram pensados no Brasil - , e do acesso de Barbosa da Silva ao círculo social composto de homossexuais de classe média em que convivia, abria-se a possibilidade para que o primeiro estudo sociológico moderno sobre homossexualidade fosse feito em São Paulo”.
Já um estudo feito pela Universidade Federal da Paraíba, coordenado pelo psicólogo Marcos Lacerda e editado pela Revista Psicologia - Reflexão e Crítica (UFRS) obteve resultados alarmantes, já que foram realizados dentro do ambiente acadêmico, pois indicaram que o preconceito contra homossexuais é latente em mais de três quartos dos estudantes pesquisados, em resposta a um questionário que pretendia avaliar os níveis de rejeição ao sentimento de intimidade, a escala da expressão emocional, a escala de explicações e a rejeição pura e simples. Nestes itens às mulheres foram bem mais preconceituosas ( 54% dos estudantes eram mulheres ) em relação aos estudantes homens. Todos os grupos apresentaram posições claras com relação ao assunto: Aqueles que se declararam não preconceituosos explicaram que baseiam suas considerações em explicações psicossociais - aceitam as diferenças pelo seu contexto e não como um desvio -, já os que declararam abertamente o preconceito contra os homossexuais tem nas explicações ético-morais-religiosas - sua base de argumentação ( desvios de caráter, falta de respeito ou moral, falta de fé etc...).

O MERCADO DE TRABALHO

Em todas as pesquisas e materiais divulgados relacionados à homossexualidade o que mais impressiona são os números obtidos com relação ao mercado de trabalho. A discriminação é tão presente neste segmento da vida do homossexual que restringe sua área de atuação à poucas profissões e quase sempre sem especialização, ou com um grau de especialização muito baixo para o nível intelectual da maioria dos optantes. Vários são os casos relatados por ONGs, Grupos de defesa das minorias ou Associações de defesa dos direitos dos homossexuais, de empresas que criam situações de extremo desconforto no profissional que expressa sua preferência sexual. Existem casos relatados pela ONG Nuances - Grupo pela livre Expressão Sexual - baseado no Estado do Rio Grande do Sul, em que empresas multinacionais tomam ciência da discriminação - e até incentivam – seus funcionários a discriminarem o colega. Por estes motivos vários processos judiciais foram iniciados pelas ONGs que trabalham em defesa dos direitos dos homossexuais, tendo acontecido até de Juizes de primeira e segunda instância proferirem sentenças favoráveis aos discriminados sexualmente. Algumas ONGs conseguiram a ajuda valiosa do Ministério Público do Trabalho que em alguns casos apresenta denuncia contra as empresas que discriminam ou aceitam atos de discriminação por parte de seus funcionários contra colegas homossexuais.
Neste sentido, trabalho iniciado pela Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho - uma Divisão do Ministério Público do Trabalho - criada em 2002 para estabelecer ações efetivas nas diversas procuradorias regionais do trabalho - concluiu que o grande problema da discriminação hoje é a falta de provas, pois a legislação já ampara as pessoas que são discriminadas, desde que aja a denúncia, e o MPT age como aliado das pessoas discriminadas, inclusive sexualmente.
O Juiz Federal Raul Raupp acrescenta que a Justiça já entende como uma usurpação do direito individual a discriminação sexual. Segundo ele e outros especialistas do Direito o livro “ A Justiça e os Direitos de Gays e Lésbicas” - Editora Sulina - traz questões bastante conclusivas sobre este assunto, demonstrando que alguns setores do Direito já estão entendendo que este é um assunto para ser discutido abertamente pela sociedade.
Se no Judiciário as coisas estão andando a paços de tartaruga, no Legislativo - que deveria dar o exemplo votando Leis que dessem amparo aos Juizes para defender com mais veemência os direitos dos homossexuais - pouca coisa tem sido feita. No ano passado a Câmara dos Deputados promoveu sessão solene em homenagem ao Dia da Consciência Homossexual, comemorado dia 28 de junho, informando por meio da Agência Câmara, que até então nove projetos tramitavam na casa e que à condenação á discriminação por orientação sexual já tinha sido incluída em Leis Orgânicas de mais de 100 municípios e nas Constituições de três Estados.
Segundo a Deputada Federal Iara Bernardi, o Congresso Nacional é omisso neste assunto permitindo que direitos dos gays e lésbicas sejam desrespeitados ao não editar Leis que protejam os homossexuais. “ a omissão da Casa leva o Poder Judiciário a legislar nos estados e a reconhecer ações que o Congresso deveria estar debatendo e transformando em lei “ diz a Deputada petista.

NO EXECUTIVO, AÇÕES ISOLADAS

Um dos poucos Ministérios que tem preocupação com o assunto discriminação por opção sexual é o Ministério do Trabalho, que vêm promovendo oficinas nos estados com a intenção de preparar melhor seus funcionários para o trato com o tema. Segundo informou por meio da Voz do Brasil a assessora do Ministério Eunice Lea de Moraes é importante antes de punir as empresas criar mecanismos de conscientização nos vários atores participantes da vida profissional do homossexual que a discriminação só leva ao desestimulo e ao isolamento do discriminado colocando-o na condição de “mau exemplo” e criando um ambiente ruim para todos. Segundo Eunice Moraes, “ as oportunidades no mercado de trabalho devem ser para todas as pessoas, independente de cor, sexo, origem ou religião” . As oficinas se estenderão até o final do ano nas regiões norte e nordeste.
Temendo ser responsabilizado pelo descaso e o desrespeito aos direitos dos homossexuais o governo brasileiro lançou em maio o Programa Brasil sem Homofobia. Em uma ação que pretende criar comissões encarregadas de adaptar as políticas governamentais já existentes aos direitos de homossexuais foram convocados dez ministérios tendo o Ministério dos Direitos Humanos como coordenador das ações. A meta mais imediata é reduzir o número de homicídios praticados contra pessoas por elas serem homossexuais.
As Comissões de Inclusão Homossexuais trabalharão de diferentes maneiras em suas áreas de atuação. No Ministério da Justiça os técnicos avaliaram ser de imediato necessário capacitar e treinar policiais para tratarem com travestis nas ruas, trabalhando no combate a discriminação e a violência contra esses grupos. Já no Ministério da Saúde foram criados grupos para o combate das doenças sexualmente transmissíveis e prioritariamente preparar os profissionais do SUS para o atendimento aos portadores de DST ( doenças sexualmente transmissíveis ).
O Ministério da Educação por sua vez pretende capacitar professores para o trato com o tema em sala de aula. Dados da UNESCO ( setor das Nações Unidas que trata da questão da educação e cultura ) divulgados em 2003 mostram que tanto professores como pais de alunos se portam com indiferença quando tem que enfrentar uma situação de discriminação contra homossexual no ambiente escolar. No âmbito do MEC a proposta é criar um ambiente propício ao ensino pelos professores da tese do respeito aos homossexuais. Outro dado bastante preocupante apresentado pela UNESCO ( este divulgado em 2006 ) é o de que, apesar de o Conselho Federal de Medicina ter retirado o homossexualismo da relação de doenças, 22% dos professores pesquisados em Fortaleza (CE) classificaram o homossexualismo como uma patologia, sendo que em São Paulo, 10% dos professores também classificam como doença a opção sexual de gays e lésbicas.

Porque Papai pode e Mamãe não?

Homossexualidade Feminina

Conforme pesquisas e artigo produzido pela Dra. Sylvia F. Marzano, Médica urologista e terapeuta sexual da PUC-SP, existem várias teorias do porque uma pessoa é homossexual. Seja por influência ambiental, genética ou de formação psicológica; uma coisa é certa, ninguém opta por ser homossexual. Esse tipo de relação, de comportamento, é visto como uma orientação do desejo. Mas, conforme afirma Dra. Sylvia, esse conceito é recente, visto que somente em 1993, a Organização Mundial da Saúde deixou de considerar a homossexualidade como doença, passando a ser uma condição da personalidade humana. E só em 1999 o Conselho Federal de Psicologia passou a condenar as promessas, muito comuns entre alguns médicos menos profissionais, de que irão “curar ” o homossexualismo.
A pesquisadora afirma que a aceitação de cassais homossexuais masculinos sempre foi maior que a de casais homossexuais femininos, conforme comprovado pela divulgação e modo de tocar no assunto feito pela mídia em geral. Quando o assunto trata de homossexualismo feminino sempre haverá alguém para solicitar que este tema tabu não seja inserido na discussão.
Longe de querer polemizar sobre a definição da homossexualidade feminina, a médica, especialista em terapia sexual, diz que pelo fato de que “ até hoje não surgiu nenhuma teoria que trate exclusivamente do lesbianismo. As mulheres homossexuais têm sido tratadas pelos pesquisadores como as mulheres são geralmente tratadas, como segundo sexo”
( citação de Charlotte Wolff )
O tema Homossexualismo Feminino vem sendo apresentado na mídia no sentido de que seja discutido o projeto de Lei que regulamenta a união homossexual. Afirma em seu artigo a Dra. Sylvia, que é imprescindível dar cidadania ao homossexual, citando que em alguns países da Europa já existem legislações que normatizam as relações homossexuais, prevendo, na Holanda por exemplo, até a adoção de crianças por casais homossexuais.
O assunto é delicado, amplo e necessita de discussões profissionais nos níveis legislativo, executivo e principalmente por parte do maior interessado no tema: a sociedade.
* Dra. Sylvia Faria Marzano é médica urologista e terapeuta sexual formada pela PUC-SP em 1978 com especialização no Children´s Hospital Boston—MA, USA

OS IGUAIS “DIFERENTES”

“ONG Nuances”

O preconceito a homossexuais no ambiente de trabalho é uma realidade ainda velada.. Poucos têm coragem de denunciar, e com isso não há dados concretos que dimensionem o tamanho do preconceito. Embora poucos homossexuais tenham coragem de denunciar e não existam dados nacionais concretos, sabe-se que a discriminação a gays e lésbicas existe e tende a crescer, com a confirmação de uma nova geração também preconceituosa. O medo e a falta de informações são os maiores responsáveis pelos baixos números de denúncias. nuances@starmedia.com.br
“ NÃO TENHA MEDO, DENUNCIE ”

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Menina desaparecida no DF

Olá pessoal,

Achei importante utilizar o blog da turma para divulgar o desaparecimento da Isabela Tainara.
Muitos já devem ter escutado na mídia, lidos nos jornais seu desaparecimento.
Está desaparecida há nove dias.
Os familiares da menina fizeram um site com mais informações a respeito do seu desaparecimento.
www.isabela.tainara.nom.br

Por favor pessoal vamos divulgar este site por e-mail, quanto mais gente souber deste desaparecimento e gravar a fisionomia da Isabela, podemos colaborar com os pais que estão muito aflitos e até mesmo nas buscas que a polícia tem realizado.
Conto com vocês!!!
Obrigada!

Laíza Foizer Filgueira

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Gente boa e gente inútil


Conheci um rapaz que, há uns vinte anos, ganhou uma bolsa para estudar anatomia patológica nos EUA, e nunca mais voltou. Americanizou-se? Encantou-se? Ficou rico? Não, nada disso, mora numa cidadezinha gelada quase na fronteira do Canadá, tem um ordenado que lhe basta apenas para as despesas fundamentais, não se diverte, gasta os dias e boas horas da noite metido num laboratório. Foi incorporado aos pesquisadores de câncer. Notaram-lhe o talento, pediram-lhe que ficasse, e ele ficou. Brilhante entre os mais brilhantes alunos que passaram pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, desistiu do futuro, largou tudo, fez-se anônimo e pobre, ibgressou num claustro leigo, só deixando o seu trabalho para gemer um pouco de frio e saudade do Brasil, antes de dormir.


Homens como o Doutor Albert Schweitzer, capazes de trocar um destino artístico ou literário por um devotamento humanitário, são os santos de nosso tempo. A frieza de um laboratório, no entanto, ainda me parece um mundo mais estranho e árido do que a África Equatorial Francesa. Amar os homens por detrás de um microscópio, sem sentir nunca a reciprocidade do gesto generoso, é fantástico e humilhante para mim, tíbio comodista. Os fatos são duros. Aperta-se o cerco contra o câncer nos EUA e em outros países. A conquista do espaõ interplanetário não é tão emocionante quanto essa luta contra a morte. Antigamente, as epidemias chegavam de repente e dizimavam povos inteiros. As pestes modernas tomam aspecto moderno. As estatísticas sabem que 450 mil americanos serão vítimas do câncer este ano; destes, 260 mil estão condenados à morte. Sabe-se ainda, por exemplo, que no Norte dos EUA diminui a mortalidade por leucemia, mas no Sul a incidência mortal vem sendo acrescida. O mal é misterioso e aterroriza. Só não aterroriza o cientista escondido entre paredes assépticas, a isolar vírus, a traçar esquemas táticos, a vislumbrar esperanças, a chocar-se contra desilusões, a repetir, com o poeta, que cada nova tentativa é um fracasso diferente. É preciso usar nesta guerra - fala agora um cientista famoso - de todas as coisas que conquistaram mundos.


Admiro gente assim com a mais pura e selvagem simpatia de meu espírito.


Visitei há alguns anos o Instituto Pavlov, perto de Leningrado. Lá, em uma sala modesta e também fria, fui apresentado a um homem muito magro, desleixado no vestir, cabelos despenteados e de uma timidez de quem não tem o hábito de falar muito. Era um cientista famoso, chamava-se Victor Fiodorov. Pacientemente, ele me explicou a natureza das experiências que vinha realizando há longos anos, no sentido de tentar obter uma informação mais precisa sobre o câncer e a transmissão dos caracteres adquiridos. Contou-me com certa ternura a vida dos ratinhos assustados, detalhou-me suas idas e vindas, indutivas e dedutivas, pistas falsas, equívocos, surpresas repentinas, observações novas para a ciência, fez-me enfim um relatório completo daquilo que era a sua própria existência. Depois calou-se. Nesse ponto, naturalmente, ocorreu-me perguntar-lhe a que conclusão final chegara. O homem magro sorriu um sorriso decepcionado de criança que não ganhou presente, e respondeu-me: "Ainda não cheguei a qualquer conclusão; não há nada que me diga que eu haja contribuído para a cura do câncer".


Quando cheguei lá fora, num silêncio gravado pela neve e pelo grito estídulo das gralhas no alto dos abetos, compreendi que não poderia esquecer aquele sorriso nunca mais. Não faço nada pelo bem de ninguém e, decerto, faço mal a algumas pessoas. Mas o sorriso do cientista Fiodorov, ao revelar-me a sua frustração ao longo de tantos anos de trabalho, pelo menos me acusa e não me deixa esquecer de que vim ao mundo causando dores e sem procurar diminuir a dor de ninguém. Um inútil. Resta-me a vaidade vulgar de saber que não presto para nada, pois o bonito entre os intelectuais de hoje é não ter compaixão da humanidade. Azar meu, que tenho, e nada faço.


Paulo Mendes Campos
(in Homenzinho na ventania. Rio, Ed. Autor, 1962 p.19-22)


Foto: meu arquivo pessoal

Reflexões da Gente...

Li este texto há dois dias, e ainda me sinto desconcertada.
Por motivos óbvios, e por motivos sutis também.

Eu e meus arroubos utópicos sociais... que não sai onde vão parar, o quanto durarão, ou sequer a que vieram e como começá-los todos.
Eles estão comigo o tempo todo, e como sombras, como minha própria sombra a todo momento me acenam, e com rostos passíveis demonstram que vão aguardar mais um pouco. Entendem minha sempre pressa, sempre mil coisas, e eu entendo suas frustrações. Ambos entendemos nossas incertezas.
O tapa na cara, daqueles que diz assim: "toma este bitchslap!", é o desfecho mesmo.

Não, nem dá tempo de desfechos mea culpa, a coisa é simples mesmo.
Fico pensando.

Lembro do karma yoga.
No Bhagavad Gita, Sri Krishna, uma encarnação do deus Vishnu (o que sempre vem com boas novas aos homens) repete-se várias e várias vezes tentando fazer o pobre diabo do Arjuna, um arqueiro, meio covarde - meio temperamental, que ele deve agir certo antes de mais nada. E que isso basta a si mesmo. Não é o "agir certo porque logo vem o fruto" ou "não peques porque herdarás o paraíso". Krishna vende a idéia de que "Faça o certo e dê-se por satisfeito. O que vem depois não é pra ti, rapá!" No meu parco entendimento essa é a essência do karma yoga. Esqueça toda a lenga-lenga de acumular boas atitudes para pagar as más cometidas no passado, o buraco é infinitamente mais embaixo que essa fórmula ridícula.

Mas o karma yoga só funciona com a bhakti yoga.
Arjuna é encorajado a travar uma guerra contra toda a sua comunidade, família, amigos e todos os mais que residem naquele lugar. Nó! E a narrativa se passa numa única noite, o temeroso Arjuna só tem algumas horas pra entender aquelas verdades, e se decidir por agir ou fingir que não ver toda a sordidez, mesquinharia e corrupção em que ele e seu povo sucumbem. A única clemência do deus-flautista Krishna é a de vir a terra exclusivamente para aquela aula. Não tem paraíso depois, nem céu, nem inferno e nem oscar ou honra ao mérito.
E Arjuna... de pernas bambas e chorando feito um bebê... vai.

A bhakti que falei é isso ai, é essa sensação que as palavras não descrevem, mas que de alguma forma dão aquele impulso mínimo para fazer o que é certo. Sabe aquela rápida certeza de que, mesmo que não tenha nada depois disso, ou sabe-se lá se sairá com vida, mas que tranquiliza o peito dolorido.

Acho Cristo o exemplo puro de bhakti.
É, pra dizer em poucas linhas, essa esperança sem forma ou tamanho, mas suficiente para motivar cada novo passo, nova palavra, novo milagre. Do nascimento a morte. Passando sim, não sejamos tolos, pelo monte das oliveiras, numa penosa e solitária noite. E descendo ao calvário para uma morte humilhante.

Isso aqui não se trata de apologia ao mártir não, acho que nunca tive tanta certeza que isso ou é pra herói ou é pra idiota, e hoje em dia isso não cola mesmo.

Acho que independente do nome que leve, bhakti, karma, evangelho ou às conclusões que o Paulo Mendes naquele texto ali chegam, perspassam de forma simples mas de prática contudente a vida.

O dia-a-dia.

A mim, a você e a todo ser que nasça filho de humanos nesta terra.


Ao som de King Without a Crown - Matisyahu
Fim de tarde brasiliense, de mais uma sexta.


Foto: do meu arquivo pessoal

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Muito Além do Jabá

Esqueça as coreografias. Esqueça os refrões de fácil pronúncia. Esqueça os arranjos repetitivos. Agora fique em posição de lótus e esvazie a mente.
Respire...expire...
Respire...expire...
Respire...expire...
Olhe para frente: você verá um túnel e no fim, bem no fim, uma luz azulada.
Siga em direção à luz. Não tenha medo, feche os olhos e caminhe lentamente enquanto ouve alguns sons muito conhecidos: “minha éguinha pocotó”, “me pegue e puxe”, “tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha”...
Deixe-os seguir. Eles ficarão cada vez mais distantes, mais e mais distantes, até que desaparecerão.
Respire fundo e abra os olhos. A luz está bem próxima agora, “outros sons enchem o espaço”.
Entre melodias recheadas de batuques cadenciados e uma preguiçosa cuíca, uma voz aveludada vai cantar versos que você nunca ouviu.
No início você pode se assustar, afinal seus ouvidos estão condicionados a não identificar esses sons de imediato.
Relaxe.
Esse é o admirável mundo novo da música independente.

Estava passeando pela net e me deparei com um site bem interessante: www.naorelha.com.br . Lá você pode conhecer músicos que são figura fácil na Europa e mais recentemente nos EUA, porém muito pouco conhecidos no Brasil. Nas próximas semanas vou falar sobre os artistas que mais me chamaram a atenção. Alguns já conhecia, porém a maioria nunca tinha ouvido ou visto em qualquer outro lugar. É o universo underground da arte, onde você encontra a originalidade de quem trabalha com selos independentes, livre da influência exercida pelo mercado de comunicação de massa. Experimente! Essa pode ser uma viagem inesquecível.


Carolina Borges

domingo, 29 de abril de 2007

VIDA DE MOTOBOY

Todo dia apressado
O motoboy sai de casa
Grande decepção é
Quando ele se atrasa
É uma rotina de aventura
Às vezes boa, outras dura
Quem dera moto tivesse asa

Assim seria melhor
Diminuiria o medo
Faria muito mais entregas
E não morreria tão cedo
Mas, nem tudo é tão triste
E o motoboy ainda insiste
Que a moto é seu melhor brinquedo

O motoboy faz loucuras
Se arrisca em espaços impossíveis
Ou ele não vê os carros
Ou os carros que são invisíveis
Ainda bem que alguns têm sorte
Os que não têm, só resta a morte
Todas as viagens são imprevísiveis

Esses são os motoboys
Odiados por alguns motoristas
Eles chegam quase sempre na hora
Nem que precisem aumentar as pistas
Passam por cima, no meio ou no lado
Talvez façam mesmo, tudo errado
Mas no asfalto são verdadeiros artistas

Marcus Salinas

sexta-feira, 27 de abril de 2007

A cidadania como fundamento midiático urgente na era da Informação

Sempre que se fala em cidadania, a lembrança romana, onde os direitos e deveres de uma pessoa nascida homem e livre eram plenamente alentados. Nem mulheres, nem escravos ou estrangeiros entravam neste grupo. Mas o fato de pessoas, que não necessariamente por apadrinhamento ou outro motivo que não o nascimento nestas condições, poderiam exercer o seu direito de manifestar-se contra o que porventura fosse injusto ou parcial era e é ainda nos dias de hoje, o motor de transformações numa sociedade organizada.
Pelo legado greco-romano que recebemos, às vezes só tomamos conhecimento desta “primogenitura” da cidadania. Mas, a título de conhecimento, é sempre bom mencionar que na Índia e na China antiga, encontramos expressões peculiares deste mesmo conceito humanista, geralmente imiscuídos ao caráter religioso ou mesmo filosófico. Mesmo depois do início da era cristã, quando o Islam nasce, a cidadania é abordada pelo estado teocrático da Umma Muslim, onde todos são iguais e têm direito ao voto, embora o direito ao sufrágio universal seja válido somente entre os mulçumanos, os povos englobados por suas seguidas dominações tomam parte da cidadania na Umma.
É usual, remeter-se imediatamente aos direitos universais dos homens, já de nossa época contemporânea, que nos põe mais uma vez em contato com este conceito subjetivo, e pela primeira vez oficialmente, temos a pretensão de estabelecer como independente de quaisquer fatores inibitórios tais direitos e igualdade.
A idéia de mídia, definitivamente mais recente que a cidadania, apresenta pré-conceitos populares, que devem ser estudados e esclarecidos enquanto comunicólogos socialmente responsáveis. Quais os seus deveres e seus favorecimentos, quais os efeitos sobre a sociedade, o indivíduo e o pensamento são temas que devem nos permear.
O encontro da mídia com a cidadania deve ser contínuo e reforçado, repensado e acrescentado, visto que as sociedades e as pessoas são dinâmicas e, especialmente em nossos dias, temos uma aceleração dos processos, das informações, e da formação do indivíduo. Do papel influenciador e por vezes delimitador da mídia, não temos dúvida, e por isto a razão de tanta parcimônia e discussão. Trazer ao cerne a cidadania não é apenas um ato reflexivo, mas mesmo compulsório, se quisermos que a comunicação tome forma literal e pró-ativa.
Olhar para as diferenças gritantes na sociedade, nem sendo necessário cair nos exemplos de lugar-comum é perceber que o papel do mediador é muito mais amplo e necessário do que os interesses de venda e lucro possam ditar. O que poderia ser mais paradoxal do que uma emissora possuidora dos mais altos meios tecnológicos e da mais glamourosa folha de pagamento, se os seus telespectadores mal sabem assinar o próprio nome? É lamentável não ser mera imaginação. O ambiente excludente, por motivos tantos que não nos cabe numerar, não nos desobriga de uma atitude mais penetrante e rápida.
Assim como as informações não nos dão descanso um só segundo, também a reflexão e a ação sobre a cidadania, deveria nos importunar incessantemente.

texto originalmente apresentado para a disciplina de Mídia e Cidadania - Prof. Gilberto
Ao som de Climbing the Walls - Radiohead

Cordel do Fogo Encantado

Nascido de um espetáculo teatral de mesmo nome, o grupo Cordel do Fogo Encantado, tornou-se conhecido fora de Recife em 2001. Eu tive o prazer e a honra de assistir a um show do Cordel, logo no início desse processo de divulgação. O show, contou com a abertura do percussionista Naná Vasconcelos, um dos maiores músicos do nosso país. Como tantos outros músicos, conhecidos mais na Europa do que em nossa querida pátria tupiniquim (no melhor dos sentidos, por favor), Naná foi também, o produtor do primeiro CD dos meninos de Arco Verde, e uma espécie de padrinho do grupo.

O show foi uma revelação para mim. Estavam ali, cinco jovens, mais ou menos da minha idade, mostrando um trabalho regional e ao mesmo tempo universal, misturando poesias de sua terra do século passado, com a atualidade dos versos inteligentes do vocalista Lirinha. Às batidas dos tambores com forte influência africana, de Nego Henrique e Rafa Almeida, e à bateria rock´n roll de Emerson Callado se misturam a melodia do violão de Clayton Barros e a poderosa presença cênica de José Paes de Lira (que já foi comparado a Jim Morrison).

Cordel do Fogo Encantado é arte genuinamente brasileira. Não é mais um enlatado que somos obrigados a engolir. É a melodia carregada de sotaque do sertão, às vezes forte (“Pedra e Bala”), às vezes extremamente delicada (“Os Òin do Meu Amor” e “Preta”).É a prova do potencial artístico de um povo que, mesmo esquecido, teima em não aceitar a derrota árida que o sertão impõe. É a arte legítima, original e orgulhosa de suas raízes.

O Cordel contagia alguns e assusta outros. Para os “contaminados” uma certeza: precisamos olhar com mais atenção os interiores, os sertões e as florestas do Brasil. Ainda existe muito tesouro ali que nenhum colonizador é capaz de roubar.

Carolina Borges

Ah! Dia 11 de maio eles estarão em Brasília:
Centro Comunitário da UNB - Infos: (61) 8151.6127/8424.1466

www.cordeldofogoencantado.com.br

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Independência ou sorte

Conheça o caminho percorrido pelas bandas independentes rumo ao tão sonhado sucesso

Tornar-se um músico famoso já foi, provavelmente, o sonho de grande parte da população, principalmente dos jovens. Que adolescente nunca se imaginou como uma grande estrela do rock? Mas quem decide tirar seus sonhos do plano das idéias e fazê-los tornassem realidade, depara-se com um grande e burocrático caminho pela frente. São as dificuldades de um mercado fonográfico tomado pelas grandes gravadoras.
Os "majores" – como são chamadas as grandes gravadoras dentro do meio musical – dominam a imprensa fonográfica. Emissoras de rádio, canais de TV, revistas especializadas, jornais, enfim, praticamente todas as formas de divulgação cultural destinam-se a promover apenas as bandas que têm por trás o apoio de uma poderosa gravadora. Sendo assim, uma banda iniciante precisa: ou de muita sorte – para ser "descoberta" por um poderoso empresário e gravar seu CD em uma grande gravadora – ou de muito esforço para percorrer um grande e difícil caminho em busca de sucesso e reconhecimento.

Formação de uma banda

Formar uma banda não é tão fácil quanto parece. Em primeiro lugar, é preciso encontrar pessoas que queiram fazer o mesmo tipo de trabalho, tocar o mesmo estilo musical e que tenham, aproximadamente, as mesmas idéias. Em segundo lugar, essas pessoas precisam tocar bem seus instrumentos – ou cantar bem, no caso de um vocalista – o que envolve muito estudo.
Formada a banda, escolhe-se o repertório. Escolhido o repertório, são horas e horas de ensaio até que, finalmente, o grupo sente-se pronto para tocar. Então, começa a saga em busca de locais para shows. Bares, boates, festivais independentes, casas de amigos, festas particulares, quermesses da paróquia vizinha, vale tudo para tornar o som da banda mais conhecido. A banda, é claro, faz propaganda dos eventos dos quais participa, distribuindo panfletos, avisando amigos, usando a internet e etc. A banda independente é, na maior parte das vezes, a sua própria assessora de imprensa.
Depois de torna-se mais conhecida e adquirir um pouco mais de experiência, a banda, quase sempre, anseia por gravar um CD demo – o CD de demonstração é o material usado para a divulgação dos artistas junto a produtores musicais, mídia, donos de casas de shows, selos e gravadoras e etc. Nessa etapa, a banda precisa procurar e pagar um estúdio, escolher o repertório, ensaiar exaustivamente e, finalmente, gravar o tão sonhado demo.
Gravado o demo, é necessária uma divulgação forte. Fazer um site, disponibilizar as músicas na internet, enviar o material para sites especializados, gravadoras e selos. Incluir as datas de eventos nos quais a banda irá participar em sites, jornais e revistas especializadas também é uma boa. E além de participar, a banda precisa, novamente, fazer a propaganda desses eventos com cartazes e panfletos, sem esquecer, é claro, da tradicional propaganda boca a boca.
Depois de toda essa saga, o negócio é a banda participar de festivais e concursos, fazer muitos shows, ser cada vez mais conhecida e torcer para que seja descoberta por um grande empresário do ramo.
Achou difícil? Viver de música pode ser bom, mas é coisa para gente grande, não é um sonho fácil de ser realizado. A não ser, é claro, que você tenha realmente muita, mas muita sorte...

Leila Saads

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Um "FREE" para a "LIBERDADE

Por Vinícius Borba



Terça-feira, 27 de março de 2007

1:00 h( uma hora da matina)

A noite me reanima. Sempre preferi ler à noite, estudar, fazer atividades físicas, fazer amor( Se bem que... Deixa pra lá!) e coisitas mais. Como à noite todo gato é pardo, e como bom gato pardo, leonino safo, desde os doze que a rua não me faz mistério e a única coisa da qual eu jamais fui liberto nesta vida errante foi o medo.

Ah, o medo.. Instrumento de auto defesa mais útil na vida do ser humano. Até os dezessete anos, sofri de uma tensão muscular intensa em função do medo de me expor a criminalidade e o uso de drogas. Não me envergonho de meu passado, mas a partir dos 17, conheci minha prática de fé. Um ano após, me converti e desde então tudo às pampas.

Esta prática de fé consiste da recitação de um mantra. Mantra é,resumindo, uma frase ou expressão que tem sua conformação sonora capaz de mexer energias em nosso meio ambiente, seja no nosso interior(principalmente), seja no osso meio externo, até por extensão de nossa mudança. Mas praticamos o bem como postura de AÇÃO no dia-a-dia e este é o nosso princípio maior, o altruísmo.

Venho da rodoviária, na última Van, expresso da meia-noite...
Se tivesse tomado a saideira com os colegas da faculdade--Tiago e Pedro-- só iria para casa as duas da madrugada, no bom e velho "jeremias" , o tal ônibus corujão. A vida de sardinha nas lotações é um caos, entra esmagado,sai espremido. È o sistema ininteligível de transporte coletivo do DF,sistema safado, em que o lucro é o que manda, e o principal --o consumidor--é o boneco que paga o preço do luxo dos monopolistas, estilo Amaral e Canhedão...Mas vá lá, eu só queria chegar em casa.

Vinham na lotação dois amigos dialogando comigo durante a viagem da Rodô à São Sebastião. E eu entretido na conversa-- eu que nem falo muito-- perdi minha parada. Eu moro no alto do Morro Azul, e devia descer na primeira parada da vila. Tive de descer na segunda. Quase dois Km lá de casa. Tá de boa, a noite fresca, eram apenas uma da manhã. Eu já subira o morro algumas milhares de vezes a pé e, fora minhas dores musculares, nada me abalaria. Nem mesmo minhas dores, talvez, no máximo, aquela última cerveja que pesou mais. Sossegado.

A vista de cima do Morro Azul em São Sebascity é cabulosa. Para quem chega, do lado esquerdo a espetacular e iluminada(à noite) Vila, com seus 90.000 habitantes. À direita, o retrato maior da exclusão social, a "escola superior do crime", onde o reitores não duram muito e os acadêmicos estão descontentes, visto que aquela era sua última opção no vestibular no qual nunca se inscreveram. Lá há cotas para brancos... Ironias à parte, falo da Papuda. Convivemos em São Sebastião com o presídio de Brasília. E sempre que alguém chega em minha casa, que tem uma vista panorâmica linda, me pergunta, ao ver o prédio de muros altos: De que se trata? E aponta. Respondo o que é, e alguns demonstram espanto. Sempre brinquei: --De vez em quando passa um aqui em casa correndo, pede uma água e pula na doida cerrado a fora.Brinco. E as pessoas ainda retrucam inseguras: --Sério? Mostro então
que meu pai era "gepeto" e solto uma boa gargalhada. A comédia vive da ridicularização e exagero do trágico. Mas eu brinco por quê vivo esta realidade a tempos, e trabalho muito no social para transformá-la.

Mas ontem, durante minha caminhada de subida, curtindo a vista, vim recitando meu mantra, para reunir força vital e superar minha maldade, desatento, olhando para o chão enquanto recito, até para contar melhor a respiração e ordená-la, levanto a cabeça, quase que por instinto, e a menos de três metros está um rapaz todo de branco. Tomo logo um susto descomunal, mas, habituado a vida de rua, continuo a recitação do mantra e ao me aproximar do rapaz, este sem camisa, com a mesma pendurada no ombro, calça branca e chinelos, paro de orar e dou boa noite. Ele logo responde:
--E aí, doido.Tá falando sozinho?
Me ouviu falando chinês misturado com sânscrito em voz alta. Qualquer um fica meio assim. Termino de passar por ele, minha adrenalina está a toda. Paro para não mostrar receio. Respondo:
-- Não, falando só não, estou rezando!
E ele:
--Pode crer. Aí "mulequin", tem um cigarro aí?

Penso comigo e analiso. Moro em uma chácara, e para eu comprar cigarro tenho de andar uns 3 Km. É o meu último dos "moicanos", comprei picado lá na Rodô, para depois da janta, o digestivo...Minha decisão é difícil, mas ele solta outro argumento:
--Tô de saidão da Papuda! Se não constar o cigarro, não dá nada...

Eu sei que, quando são liberados da Papuda, são soltos à meia-noite, e aquele mano vinha numa alegria enorme. Repensei, enquanto ele já se punha a caminhar novamente.
--Aí chegado, tem o último aqui.

Os olhos dele brilharam. Não era mais um cigarro, não. Cigarro também se fuma dentro da "jaula", mas aquele, aquele era o primeiro que ele arrumava em liberdade. Me alegrei por maracar aquela preza. Falei pra ele:
-- Oh "Fí", sua família ta te esperando, eles todos te esperam. Talvez tu vá ouvir uns sapos. Mas não pare não, adianta um trabalho, e não esquece...ESTUDA!

Me cumprimentou com mão firme, me olhou nos olhos, e eu nos dele, seguimos nossos caminhos.

Não sei quanto tempo ele passou preso. Não sei em que pé ele vai encontrar a guerra de gangues na favela ou se tem algum programa de reinclusão social a espera dele, mas eu, como agente comunitário, nunca vi. Não, nunca.

Subi refletindo para casa. Agora rezava com um ânimo ainda maior. Não há oração sem resposta, como demonstra a filosofia que pratico. Naquelas pequenas palavras trocadas com o rapaz, me senti na responsabilidade de não deixar com que ser humano nenhum mais se rebaixe. Mas naquela hora...só queria chegar em casa. São uma e meia da matina.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Melhor resposta - Escolhida por votação (BBB)

"29 milhões de ligações do povo brasileiro votando em algum candidato para ser eliminado do Big Brother.
Vamos colocar o preço da ligação do 0300 a R$ 0,30. Então, teremos R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito milhões e setecentos mil reais, que o povo brasileiro gastou (e gasta), em cada paredão!
Suponhamos que a Rede Globo tenha feito um contrato "fifty to fifty" com a operadora do 0300, ou seja, ela embolsou R$ 4.350.000,00 em apenas um paredão.
Mas todos sabemos que nem todos os paredões são tão disputados assim e vamos colocar uma média de 10 milhões de ligações por paredão (10.000.000 x R$ 0,30 = R$ 3.000.000,00 três milhões de Reais). Como são três meses com um paredão por semana, 4 por mês, teríamos então 12 (doze) paredões (12 x R$ 3.000.000,00 = R$ 36.000.000,00 trinta e seis milhões de Reais) apenas com as ligações para o programa.
Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a operadora de telefonia ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o prêmio do vencedor e, claro, as contas dessas empresas.
Mas o "x" da questão, caro(a) leitor(a), não é esse. É saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em nada colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico dos participantes e, consequentemente, daqueles que só bebem nessa fonte.
Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com as votações.
Aliás, algo muito natural, para quem gasta mais de oito milhões numa só noite! Coisa de país rico como o nosso, claro!
Nem a Unicef, quando faz o programa Criança Esperança, com um forte cunho social, arrecada tanto dinheiro.
Vai ver, deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas, tenho dúvidas se daria audiência. Prova disso, é que na Inglaterra, pensou-se em fazer um Big Brother só com gente inteligente. O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência. A razão? O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja, o público não se interessaria.
Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição.
Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade para o seu desenvolvimento pessoal e, que não perde um capítulo sequer do BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto.

Não é maldade, nem desabafo, é constatação!!"


Gabriela Delgado (texto do blog de Léo_hortojb)

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Não é verdade que você vai perder, é?

FESTIVAL DE CINEMA "É TUDO VERDADE"
Brasília
Centro Cultural Banco do Brasil BrasíliaSCES, Trecho 02, lote 22 - Telefone: (61) 3310-7087 - 74 lugares

03/04 terça-feira
18hs
Adeus, América / Sergio Oksman / 80min
20hs
Santiago / João Moreira Salles / 79min

04/04 quarta-feira
18hs
Aruanda / Linduarte Noronha / 21 minO Cajueiro Nordestino / Linduarte Noronha / 22minOs Romeiros da Guia / João Ramiro Mello, Vladimir Carvalho / 15minA Cabra na Região Semi-Árida: Capra Hircus / Rucker Vieira / 19min
20hs
Aruanda / Linduarte Noronha / 21 minAruanda Visto por Linduarte Noronha / Geraldo Sarno / 26minSessão seguida de debate

05/04 quinta-feira
18hs
Catadores de Papel / Ernesto Livon-Grosman / 61min
20hs
11 de Setembro: A Verdade Urge / Ray Nowosielski / 85min

07/04 sábado
18hs
A Fábrica / Krzysztof Kieslowski / 17minRefrão / Krzysztof Kieslowski / 10minPedreiro / Krzysztof Kieslowski / 16minRaio X / Krzysztof Kieslowski / 13min
20hs
Hospital / Krzysztof Kieslowski / 20minO Ponto de Vista da Noite de um Guarda Noturno / Krzysztof Kieslowski / 16minSete Mulheres de Idades Distintas / Krzysztof Kieslowski / 16minEstação / Krzysztof Kieslowski / 12minCabeças Falantes / Krzysztof Kieslowski / 14min

08/04 domingo
17hs
Primeiro Amor / Krzysztof Kieslowski / 52minCurriculum Vitae / Krzysztof Kieslowski / 45minClaquete / Krzysztof Kieslowski / 5min
19hs
Krzysztof Kieslowski: Eu estou mais ou menos... / Krzysztof Wierzbicki / 56minMeu Kieslowski / Irina Volkova / 21min

10/04 terça-feira
18hs
Stone Time Touch / Garine Torossian / 70min
20hs
O Homem da Árvore / Paula Mercedes / 19minCaroneiros / Martina Rupp / 52min

11/04 quarta-feira
18hs
A Filha do General / María Elena Wood / 59min
20hs
Iraque em Fragmentos / James Longley / 94min

12/04 quinta-feira
18hs
Você vai Atuar esta Noite? / Torben Skjødt Jensen, Ulf Peter Hallberg / 73min
20hs
Handerson e as Horas / Kiko Goifman / 52min

13/04 sexta-feira
18hs
Tintin e Eu / Anders Høgsbro Østergaard / 74min
20hs
Três Camaradas / Masja Novikova / 99min

14/04 sábado
18hs
Diários de Beirute: Verdades, Mentiras e Vídeos / Mai Masri / 80min
20hs
Fantasmas de Abu Ghraib / Rory Kennedy / 78min

15/04 domingo
17hs
O Mosteiro / Pernille Rose Grønkjær / 84min
19hs
Vencedor Brasileiro Competição de CurtasVencedor Brasileiro Competição de Longas/Médias

terça-feira, 3 de abril de 2007

Você pode agir global!

Não sei a quantas anda a sua militância.
Mas se você é como eu que morre de vontade de revolucionar o mundo, mas tudo hoje em dia exige muito tempo, e você quase não tem nem 20 minutos pra tomar café, então aqui vai a dica:

Avaaz.org

É uma ONG que colhe assinaturas em todo o mundo, on line mesmo, e faz manifestações pacíficas sobre variados temas, que nos dizem respeito em quanto seres de uma mesma raça, que é a humana, diga-se.

Atualmente estão no home do site, abaixo-assinados contra a continuação da Guerra do Iraque, em prol das discussões pela paz na Palestina, contra os abusos do ditador do Zimbábue e pela conscientização climática no G8.

Pra assinar é super rápido, e você ainda pode indicar amigos, afinal eles têm metas de quantidade de assinaturas para cada evento.

Vale a pena dar uma conferida!

Drops

"A bunda da piada é feia!"
Marisa Orth
Interessante! Deve ser mesmo!
***
"A fé é linda mas não tem graça! Quando você diz 'fudeu' é que começa a fazer piada."
idem
Deve ser mesmo, mesmo!
:O
Mombojando:
"Tô te explicando pra te confundir
Tô te confundindo pra esclarescer
Que estou ilumindo pra poder enxergar
E estou ficando cego pra poder guiar"

sexta-feira, 30 de março de 2007

Mais uma Dose, Mais um Cigarro

"A vida faz de nós máquinas, mas enquanto tivermos sentimentos seremos humanos...”
(Charles Chaplin)

Hoje não quero escrever. Quero poupar idéias e fazer sobrar ações. Quero magoar muitos e fazer outros fatalmente felizes. Quero perder amigos e colecionar amantes. Quero revelar sentimentos que lutei para que permanecessem inertes em meu espírito obscuro e medíocre. E quero, pela primeira vez, expor essa minha personalidade aos holofotes seletivos que são os olhos da sociedade. Seria essa a morte do meu "eu-social"? Penso com os olhos sobre o mundo mecânico que nos cerca. A cidade... A cidade não passa de um filme de quinta, com atores tão manipuláveis quanto títeres e que anseiam por seus espaços nos créditos finais, mas não têm a menor capacidade de uma atuação de destaque. Não, definitivamente não é este o meu destino. Eu quero o extremo, o meio já não me interessa. Eu quero alcançar o apogeu do prazer. Acendo um cigarro, me sirvo de uísque - felizmente existe o álcool na vida. Bebo para esquecer, para me libertar de mim, para arrancar todas as amarras com as quais o mundo insiste em me aprisionar. Amanhã, a ressaca aparecerá e revelará inútil o meu esforço, lá fora o circo continuará armado e os palhaços parecerão não perceber o espetáculo incessante do qual participam. Ah, Admirável Mundo Novo*, onde estarão as minhas doses diárias de soma**? É certamente a falta delas que me mantêm vislumbrando esse patético mundo do alto ao invés de juntar-me à massa e agir como mais um humano robótico e fabricado. Mais uma dose, mais um cigarro. O silêncio da cidade fervilhando grita e me atira em um oceano sem fundo de loucura, impotência e melancolia. Mais uma dose, mais um cigarro. Os meus olhos testemunham a minha desgraça, como construir um mundo melhor? Como livrar a massa dessa ignorância eterna, desses desejos fabricados? Mais uma dose, mais um cigarro. O mundo já não é tão ruim, os problemas já não são tão graves, as pessoas já não são tão fúteis; Talvez, ainda haja esperança. Mais uma dose, mais um cigarro. Os problemas parecem supérfluos, o espírito agora anseia pela dança e o corpo anseia pelo prazer. Mais uma dose, mais um cigarro. Saio do meu apartamento, desço as escadas, percorro as ruas e, junto à massa, procuro música e sexo. Encontro-os, como sempre, à minha espera.



*Admirável Mundo Novo - "escrito por Aldous Huxley em 1931 é uma “fábula” futurista relatando uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas. Não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento; a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química (soma**) e ortodoxias e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono."


Leila Saads
Acesse: http://biprisma.blogspot.com

quarta-feira, 28 de março de 2007

O Fantástico e as estórias que se contam

Em matéria divulgada pelo site Comunique-se, o programa Fantástico teve duas reportagens, levadas ao ar no dia 25 deste, que foram consideradas falsas.
A primeira, que fazia parte da série "Vida de Paparazzi" teria forjado um ator para representar o paparazzi brasileiro agredido pela Britney Spears. O paparazzi brasileiro Roberto Maciel teria se negado a conceder entrevistas a Globo, e ela mui habilmente teria resolvido este probleminha, contratando quem quisesse lhe contar a história, só que se passando pelo próprio Roberto.
A outra seria da série "Atençao consumidor", onde teriam sido feitos testes de metodologia suspeita, ainda em 2005, e para corroborá-los algumas associações que hoje o criticam teriam assinado o seu aval.

...

Até que nossa Justiça decida quem está certo ou não, e pessoalmente creio que isso pouco importa, já que nem Fantástico, tampouco Globo serão prejudicados em audiência.
Eu cresci assistindo o Fantástico, era o terrível alarme que a cada intervalo comercial me lembrava "Faltam poucas horas pro fim de semana acabar e você levantar correndo e atrasada pra aula!" Lembro de poucas coisas de meus anos de expectadora, certamente mais de artistas que eu gostava e deram entrevista ou as viagens de um ou outro correspondente.
Só que, de certa forma, isso foi o que eu escolhi lembrar, porque inconscientemente, com toda certeza, muitas coisas implícitas, que o Fantástico tenha julgado errado, eu também deve ter inconscientemente condenado, e o contrário também. Afinal de contas, como diz um estudante, em um comentário à matéria no site citado: "Entre a Globo e um paparazzi fico com a Globo".

Ou seja, entre uma pessoa qualquer e os pseudos juízes que todos os brasileiros elegeram para julgar aos domingos a noite ao longo de trinta anos, não há dúvidas de quem optaremos?!

E ai? Será que isso muda?
Te digo que temos 30 anos pela frente, pra fazer alguma coisa, ou simplesmente, deixar que nossos filhos, e os de nossos vizinhos, nossos parentes e quantas cabeças couberem na boiada sejam moldadas, implicitamente, por coisas assim.

A matéria do Comunique-se na íntegra: Reportagens do Fantástico são contestadas - Marcelo Tavela

domingo, 25 de março de 2007

"Zorra Total"

Este é o programa mais engraçado e criativo da televisão brasileira. Tenho absoluta certeza que nenhum de vocês leitores, conseguem, depois de trabalhar a semana toda, passar as noites de sábado sem assistir aos quadros cada vez mais originais do programa semanal da Rede Globo.
É totalmente impossível saber qual a conclusão dos quadros. Ninguém é capaz de imaginar que o Porteiro Severino (quebra-galho), depois de ser chamado a ajudar no ensaio de uma cena, vai acabar aos beijos com aquelas atrizes pernudas, as quais, a direção do programa Zorra Total, coloca a exemplo das demais emissoras da televisão brasileira, a fim de prender a atenção dos telespectadores, já que, o conteúdo dos programas não é capaz de prender atenção de ninguém.
Os episódios do quadro Juju e Jajá, são sempre diferentes, quando a Juju faz aquela dancinha ridícula os telespectadores ficam muito surpresos já que é uma grande novidade isso acontecer. Os demais quadros do programa, também são repletos de criatividade e inovação.
Se você caro leitor, já perdeu seu tempo vendo tanta “carga d’àgua”, sabe que não falo sério. O que não entendo é como um programa tão ruim, sem graça e cansativo há tanto tempo está no ar, numa emissora tão grande como a Globo.
Praticamente todas as emissoras apresentam o mesmo nível de conteúdo que não acrescentam em nada o conhecimento de quem está assistindo a esses programas. Em outras palavras, se você viu o programa uma vez, não precisa ver denovo, pois vai ver a mesma coisa sempre.

Marcus Sabino

sexta-feira, 23 de março de 2007

O Sonho de Orieta

Sonhei que sobrevoava a cidade. É bom observar os lugares a distância. A beleza dos monumentos e construções é algo de tirar o ar. Sabe uma sensação de ter poucos olhos diante de algo muito bonito?

Fiquei voando sozinha e observando as pessoas voltando para casa. E vi os carros, aqui são muitos, retornando todos ao mesmo tempo. Uma fila interminável no sentido contrário ao maior monumento da cidade: dois prédios muito altos, com duas conchas aos pés, uma côncava e a outra convexa. É aquele prédio, que alguns chamam, cinicamente, de “A Casa do Povo”. Ah, se você pudesse ver como essa casa é diferente das verdadeiras casas do povo. É muita pretensão em forma de concreto e beleza arquitetônica. Impossível não pensar nos universos áridos do nordeste, nos barracos das favelas, nos viadutos transformados em lar.

Nesse momento quase caio e percebo que devo me concentrar mais, pra não “perder” meu vôo. Já anoiteceu e o movimento de carros é bem menor. Agora está quase tudo deserto. Vejo, ao lado da “Casa do Povo”, outra construção, menor, porém não menos imponente. Essa eles chamam de “Palácio”. Como se ali vivessem um príncipe e uma princesa...

E aconteceu algo que só é possível nos sonhos. Consegui ultrapassar o concreto, driblando os guardas e me vi dentro do “Palácio”. Estava quase completamente escuro, só uma sala ainda permanecia com a luz acesa. Imaginei ser a sala do trono, porque os móveis, todos em madeira nobre e escura, transpiravam tradição. Havia um homem sentado diante da maior mesa, numa cadeira enorme (seria o trono?). Não parecia um príncipe. Seus cabelos não eram lisos e louros e pude observar que entre seus dedos entrelaçados, em que apoiava a cabeça, faltava um. Ele estava muito compenetrado, os olhos distantes, fixos, brilhavam muito. Não me parecia feliz. Como queria penetrar seus pensamentos! Fui tomada de um sentimento de solidão incrível. Não me lembro de ter me sentido assim nem em meus piores momentos. Mas o sentimento não era meu, era dele. Daquele homem sentado, solitário e distante.

Acordei assustada e chorando...

O que acontece na nossa vida que nos distancia tanto de quem verdadeiramente somos? Em que ponto ficaram os sentimentos sinceros, quem roubaram nossas risadas espontâneas? Porque nossas maiores crueldades não são ainda acertar pássaros com estilingue, furar pneu de carro, beliscar escondido o irmão caçula? E os nossos sonhos de salvar o mundo, onde estão? Porque somos tão fracos...

Aqueles olhos...aqueles olhos não me saem da cabeça. Olhos de criança no rosto meio envelhecido daquele homem.

A sensação de solidão que sinto agora é minha. Se lá era um palácio, e ele o Rei, nosso Rei estava triste e com medo.E agora?

Orieta Valentim (Carolina Borges)

Claro Parkfashion


Meninas e meninos(em especial as meninas hahaha), a partir de hoje já estão disponíveis no site do parkshopping os convites pros desfiles do Claro Park Fashion que vai acontecer nos dias 26,27,28,29 e 30 de março.

Para pegar os convites é necessário fazer o cadastro no site no Shopping. E só é permitido um convite por cpf.

Corram, porque os convites são limitados.



Larissa Santiago

quinta-feira, 22 de março de 2007

A água nossa de cada dia...



Hoje é o dia Mundial da Água!
Este líquido tão precioso que mata a nossa sede, que rega campos e jardins. Mas que infelizmente o homem não tem cuidado e tem deixado de lado nosso tesouro não renovável.
Doze por cento da água do nosso planeta está no Brasil, principalmente na Região Norte, no Rio Amazonas.
Por isso, está mais do que na hora de preservarmos nossa água para que no futuro todos possam desfrutá-la com responsabilidade.
Cuide da nossa água, beba, refresque-se, higienize-se com consciência.
Use, mas não abuse, preserve-a!!!


Laíza Foizer Filgueira

quarta-feira, 21 de março de 2007

Feliz Dia da Poesia!

O ARCO

Que quer o anjo? Chamá-la
O que quer a alma? perder-se
Perder-se em rudes guianas
para jamais encontrar-se

Que quer a voz? encantá-lo.
Que quer o ouvido?
Embeber-sede gritos blasfematórios
até que dar aturdido.

Que quer a nuvem? raptá-lo,
Que quer o corpo? solver-se,
delir memória de vida
e quanto seja memória.
Que quer a paixão? detê-lo.
Que quer o peito? fechar-se
contra os poderes do mundo
para na treva fundir-se.

Que quer a canção? erguer-se
em arco sobre os abismos.
Que quer o homem? salvar-se,
ao permeio de uma canção.
(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 16 de março de 2007

A pelada do churrasco

No jogo de futebol que ocorreu durante o churrasco, ou, se preferirem, a PELADA, o time da turma do 1º semestre de jornalismo, perdeu de 3X2 para o time adversário.O time teve várias oportunidades de empate, mas perdeu muitos gols, como o do jogador André de Lucena que errou a bola em uma jogada dentro da área sem goleiro. Os estudantes de jornalismo e amigos que formavam o time poderiam ter chegado a um empate ou até mesmo uma vitória se o goleiro do time que estava embreagado não tivesse sofrido uma contusão durante a jogo, que o levou a se retirar para tomar uma cerveja e resultou no encerramento da partida.

André Moraes

terça-feira, 13 de março de 2007

E Viva a Comunicação!

Prestigiados com um sábado ensolarado, regado a muita cerveja, vodka, "gami" e um bom churrasco, os alunos de jornalismo e publicidade do IESB, se encontraram no Lago Norte para se comunicar!
O som ficou por conta da Banda do Geléia. Repertório melhor, impossível. Lá pelas tantas, quando todos já estavam "no ponto", rolou um funk. Foi uma loucura.
O encontro teve inicio ao meio-dia e contou com a presença dos mais variados tipos. Algumas figuras bizarras fizeram a alegria dos nem tão bizarros assim. E, para fechar a noite, a turma do 1º semestre de jornalismo, que segundo a Professora Fernanda "já estão famosos entre os professores", se encontraram no Habib´s para ratificar a união vivenciada em sala.

Robson Cardoso Amorim

segunda-feira, 12 de março de 2007

Conclusões de Aninha

Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.

O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?

Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.

Cora Coralina

DU BALACU BACU - Nossa Coluna Anti-Social

Quer aparecer aqui?
Puxe o cabelo de alguma mocréia, coloque silicone, tenha um caso com alguma modelo famosa, torne-se um ex-BBB ou procure nosso departamento financeiro...

Chega de Bla Bla Bla, viemos para ficar!


"Sem tesão não há produção,
sem você não me interessa,
se for pouco, será sem pressa,
se for muito, quero mais!
estamos aqui ou não?"
(autor desconhecido)