quinta-feira, 26 de abril de 2007

Independência ou sorte

Conheça o caminho percorrido pelas bandas independentes rumo ao tão sonhado sucesso

Tornar-se um músico famoso já foi, provavelmente, o sonho de grande parte da população, principalmente dos jovens. Que adolescente nunca se imaginou como uma grande estrela do rock? Mas quem decide tirar seus sonhos do plano das idéias e fazê-los tornassem realidade, depara-se com um grande e burocrático caminho pela frente. São as dificuldades de um mercado fonográfico tomado pelas grandes gravadoras.
Os "majores" – como são chamadas as grandes gravadoras dentro do meio musical – dominam a imprensa fonográfica. Emissoras de rádio, canais de TV, revistas especializadas, jornais, enfim, praticamente todas as formas de divulgação cultural destinam-se a promover apenas as bandas que têm por trás o apoio de uma poderosa gravadora. Sendo assim, uma banda iniciante precisa: ou de muita sorte – para ser "descoberta" por um poderoso empresário e gravar seu CD em uma grande gravadora – ou de muito esforço para percorrer um grande e difícil caminho em busca de sucesso e reconhecimento.

Formação de uma banda

Formar uma banda não é tão fácil quanto parece. Em primeiro lugar, é preciso encontrar pessoas que queiram fazer o mesmo tipo de trabalho, tocar o mesmo estilo musical e que tenham, aproximadamente, as mesmas idéias. Em segundo lugar, essas pessoas precisam tocar bem seus instrumentos – ou cantar bem, no caso de um vocalista – o que envolve muito estudo.
Formada a banda, escolhe-se o repertório. Escolhido o repertório, são horas e horas de ensaio até que, finalmente, o grupo sente-se pronto para tocar. Então, começa a saga em busca de locais para shows. Bares, boates, festivais independentes, casas de amigos, festas particulares, quermesses da paróquia vizinha, vale tudo para tornar o som da banda mais conhecido. A banda, é claro, faz propaganda dos eventos dos quais participa, distribuindo panfletos, avisando amigos, usando a internet e etc. A banda independente é, na maior parte das vezes, a sua própria assessora de imprensa.
Depois de torna-se mais conhecida e adquirir um pouco mais de experiência, a banda, quase sempre, anseia por gravar um CD demo – o CD de demonstração é o material usado para a divulgação dos artistas junto a produtores musicais, mídia, donos de casas de shows, selos e gravadoras e etc. Nessa etapa, a banda precisa procurar e pagar um estúdio, escolher o repertório, ensaiar exaustivamente e, finalmente, gravar o tão sonhado demo.
Gravado o demo, é necessária uma divulgação forte. Fazer um site, disponibilizar as músicas na internet, enviar o material para sites especializados, gravadoras e selos. Incluir as datas de eventos nos quais a banda irá participar em sites, jornais e revistas especializadas também é uma boa. E além de participar, a banda precisa, novamente, fazer a propaganda desses eventos com cartazes e panfletos, sem esquecer, é claro, da tradicional propaganda boca a boca.
Depois de toda essa saga, o negócio é a banda participar de festivais e concursos, fazer muitos shows, ser cada vez mais conhecida e torcer para que seja descoberta por um grande empresário do ramo.
Achou difícil? Viver de música pode ser bom, mas é coisa para gente grande, não é um sonho fácil de ser realizado. A não ser, é claro, que você tenha realmente muita, mas muita sorte...

Leila Saads

Um comentário:

Fefê Alves disse...

Sabemos que não há fórmula correta pra ser músico, assim como não há manual pra quase nada mesmo, que envolva o mínimo de criatividade. Mas os casos detalhados no texto dizem verdades, tristes verdades.
Mas Leila, há várias alternativas. O circuito independente nunca parou, e só cresce, e sempre tem muita coisa que vale conhecer.
Estive os últimos quatro anos envolvida numa banda, lá na cidade que morava. Tínhamos "n" dificuldades, compunhámos em inglês, o som era grunge com nuances de alterna. No começo misturávamos as várias influências de cada um dos 4, depois a coisa refinou e tomou uma cara mais precisa. Ah, e depois de um ano descidimos que os poucos covers diminuiriam até chegar a nenhum. Tão logo o repertório passou de 12 músicas gravamos nosso primeiro EP, num estúdio feito por nós mesmos, e nos auto produzimos. Graças a isso tocamos com bandas de mais estrada, abrindo pra outros nomes de vanguarda. Depois gravamos o segundo ep. E sempre trabalhando divulgação via net, arte e concepção de cd(graças a Deus os membros eram todos alunos de Comunicação Social, então isso era muito valorizado, a fotografia, a arte enfim.) Eu sai da banda no fim do ano passado, mas a galera lá continua firme, conquistamos alguns reconhecimentos fora do circuito, e mesmo em festivais de internet e tal. Tocamos em novas cidades, e acima de tudo conhecemos pessoas criativas, também apaixonadas por música, por novos elementos, novas sonoridades, novas propostas, e contentes em participar da criação da cultura, dentro ou fora do mainstream. Não tenho talento pra música. Gosto do meu baixo, não sobrevivo um dia sem ouvir música, mas pra carreira tem de estar 90% convicto, como você disse. Enfim, contei tudo isso pra dizer que se você gosta de algo, deve dedicar-se a ele, e tentar visualizar a maior quantidade de horizontes possíveis, e claro aproveitar pra descobrir cada um. Sou partidária dos que acham que o reconhecimento da grande mídia, não é tão importante assim, aliás, das coisas que gosto, tão poucas o são.