sexta-feira, 25 de maio de 2007

Série sobre homossexualidade

Olá pessoal!
Abaixo vocês vão econtrar a matéria completa sobre homossexualidade que o Sérgio e a Patrícia fizeram para o trabalho da Profa. Fernanda.
Leiam, comentem, briguem, concordem, enfim, registrem seus pensamentos e opiniões!

A Homossexualidade e a Sociedade

Por Patrícia Brito e Sergio Camargo



O Assunto, que sempre foi “tabu” nas discussões abertas, agora entra na pauta do Congresso Nacional.
O homossexualidade esteve presente na Sociedade desde os tempos mitológicos. As grandes orgias de Athenas já apontavam para a liberação do sexo entre iguais como uma prática natural.
Aos poucos os dogmas sociais e religiosos passaram a estigmatizar estas praticas e colocar seus praticantes ou defensores na clandestinidade. Não era de bom tom para as civilizações feudais nem para os nobres da época, bem como para a igreja, aceitar o relacionamento entre iguais. Iniciava-se aí uma verdadeira “caça as bruxas” que certamente se estende até os dias de hoje.
A sociedade contemporânea já aceita, de certo modo, algumas manifestações de preferência sexual. Ainda existe muita discriminação por parte de parte do corpo social contra aqueles que optam por se relacionarem com pessoas do mesmo sexo. Deve ser destacado comentário de Ronaldo Trindade em “Homossexualismo em São Paulo” (Pags: 253-254) quando diz: “ da ousadia de Florestan Fernandes, para quem o segmento homossexual era um grupo específico dentro da sociedade mais ampla - e não pessoas portadoras de uma patologia, como até então eram pensados no Brasil - , e do acesso de Barbosa da Silva ao círculo social composto de homossexuais de classe média em que convivia, abria-se a possibilidade para que o primeiro estudo sociológico moderno sobre homossexualidade fosse feito em São Paulo”.
Já um estudo feito pela Universidade Federal da Paraíba, coordenado pelo psicólogo Marcos Lacerda e editado pela Revista Psicologia - Reflexão e Crítica (UFRS) obteve resultados alarmantes, já que foram realizados dentro do ambiente acadêmico, pois indicaram que o preconceito contra homossexuais é latente em mais de três quartos dos estudantes pesquisados, em resposta a um questionário que pretendia avaliar os níveis de rejeição ao sentimento de intimidade, a escala da expressão emocional, a escala de explicações e a rejeição pura e simples. Nestes itens às mulheres foram bem mais preconceituosas ( 54% dos estudantes eram mulheres ) em relação aos estudantes homens. Todos os grupos apresentaram posições claras com relação ao assunto: Aqueles que se declararam não preconceituosos explicaram que baseiam suas considerações em explicações psicossociais - aceitam as diferenças pelo seu contexto e não como um desvio -, já os que declararam abertamente o preconceito contra os homossexuais tem nas explicações ético-morais-religiosas - sua base de argumentação ( desvios de caráter, falta de respeito ou moral, falta de fé etc...).

O MERCADO DE TRABALHO

Em todas as pesquisas e materiais divulgados relacionados à homossexualidade o que mais impressiona são os números obtidos com relação ao mercado de trabalho. A discriminação é tão presente neste segmento da vida do homossexual que restringe sua área de atuação à poucas profissões e quase sempre sem especialização, ou com um grau de especialização muito baixo para o nível intelectual da maioria dos optantes. Vários são os casos relatados por ONGs, Grupos de defesa das minorias ou Associações de defesa dos direitos dos homossexuais, de empresas que criam situações de extremo desconforto no profissional que expressa sua preferência sexual. Existem casos relatados pela ONG Nuances - Grupo pela livre Expressão Sexual - baseado no Estado do Rio Grande do Sul, em que empresas multinacionais tomam ciência da discriminação - e até incentivam – seus funcionários a discriminarem o colega. Por estes motivos vários processos judiciais foram iniciados pelas ONGs que trabalham em defesa dos direitos dos homossexuais, tendo acontecido até de Juizes de primeira e segunda instância proferirem sentenças favoráveis aos discriminados sexualmente. Algumas ONGs conseguiram a ajuda valiosa do Ministério Público do Trabalho que em alguns casos apresenta denuncia contra as empresas que discriminam ou aceitam atos de discriminação por parte de seus funcionários contra colegas homossexuais.
Neste sentido, trabalho iniciado pela Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho - uma Divisão do Ministério Público do Trabalho - criada em 2002 para estabelecer ações efetivas nas diversas procuradorias regionais do trabalho - concluiu que o grande problema da discriminação hoje é a falta de provas, pois a legislação já ampara as pessoas que são discriminadas, desde que aja a denúncia, e o MPT age como aliado das pessoas discriminadas, inclusive sexualmente.
O Juiz Federal Raul Raupp acrescenta que a Justiça já entende como uma usurpação do direito individual a discriminação sexual. Segundo ele e outros especialistas do Direito o livro “ A Justiça e os Direitos de Gays e Lésbicas” - Editora Sulina - traz questões bastante conclusivas sobre este assunto, demonstrando que alguns setores do Direito já estão entendendo que este é um assunto para ser discutido abertamente pela sociedade.
Se no Judiciário as coisas estão andando a paços de tartaruga, no Legislativo - que deveria dar o exemplo votando Leis que dessem amparo aos Juizes para defender com mais veemência os direitos dos homossexuais - pouca coisa tem sido feita. No ano passado a Câmara dos Deputados promoveu sessão solene em homenagem ao Dia da Consciência Homossexual, comemorado dia 28 de junho, informando por meio da Agência Câmara, que até então nove projetos tramitavam na casa e que à condenação á discriminação por orientação sexual já tinha sido incluída em Leis Orgânicas de mais de 100 municípios e nas Constituições de três Estados.
Segundo a Deputada Federal Iara Bernardi, o Congresso Nacional é omisso neste assunto permitindo que direitos dos gays e lésbicas sejam desrespeitados ao não editar Leis que protejam os homossexuais. “ a omissão da Casa leva o Poder Judiciário a legislar nos estados e a reconhecer ações que o Congresso deveria estar debatendo e transformando em lei “ diz a Deputada petista.

NO EXECUTIVO, AÇÕES ISOLADAS

Um dos poucos Ministérios que tem preocupação com o assunto discriminação por opção sexual é o Ministério do Trabalho, que vêm promovendo oficinas nos estados com a intenção de preparar melhor seus funcionários para o trato com o tema. Segundo informou por meio da Voz do Brasil a assessora do Ministério Eunice Lea de Moraes é importante antes de punir as empresas criar mecanismos de conscientização nos vários atores participantes da vida profissional do homossexual que a discriminação só leva ao desestimulo e ao isolamento do discriminado colocando-o na condição de “mau exemplo” e criando um ambiente ruim para todos. Segundo Eunice Moraes, “ as oportunidades no mercado de trabalho devem ser para todas as pessoas, independente de cor, sexo, origem ou religião” . As oficinas se estenderão até o final do ano nas regiões norte e nordeste.
Temendo ser responsabilizado pelo descaso e o desrespeito aos direitos dos homossexuais o governo brasileiro lançou em maio o Programa Brasil sem Homofobia. Em uma ação que pretende criar comissões encarregadas de adaptar as políticas governamentais já existentes aos direitos de homossexuais foram convocados dez ministérios tendo o Ministério dos Direitos Humanos como coordenador das ações. A meta mais imediata é reduzir o número de homicídios praticados contra pessoas por elas serem homossexuais.
As Comissões de Inclusão Homossexuais trabalharão de diferentes maneiras em suas áreas de atuação. No Ministério da Justiça os técnicos avaliaram ser de imediato necessário capacitar e treinar policiais para tratarem com travestis nas ruas, trabalhando no combate a discriminação e a violência contra esses grupos. Já no Ministério da Saúde foram criados grupos para o combate das doenças sexualmente transmissíveis e prioritariamente preparar os profissionais do SUS para o atendimento aos portadores de DST ( doenças sexualmente transmissíveis ).
O Ministério da Educação por sua vez pretende capacitar professores para o trato com o tema em sala de aula. Dados da UNESCO ( setor das Nações Unidas que trata da questão da educação e cultura ) divulgados em 2003 mostram que tanto professores como pais de alunos se portam com indiferença quando tem que enfrentar uma situação de discriminação contra homossexual no ambiente escolar. No âmbito do MEC a proposta é criar um ambiente propício ao ensino pelos professores da tese do respeito aos homossexuais. Outro dado bastante preocupante apresentado pela UNESCO ( este divulgado em 2006 ) é o de que, apesar de o Conselho Federal de Medicina ter retirado o homossexualismo da relação de doenças, 22% dos professores pesquisados em Fortaleza (CE) classificaram o homossexualismo como uma patologia, sendo que em São Paulo, 10% dos professores também classificam como doença a opção sexual de gays e lésbicas.

Porque Papai pode e Mamãe não?

Homossexualidade Feminina

Conforme pesquisas e artigo produzido pela Dra. Sylvia F. Marzano, Médica urologista e terapeuta sexual da PUC-SP, existem várias teorias do porque uma pessoa é homossexual. Seja por influência ambiental, genética ou de formação psicológica; uma coisa é certa, ninguém opta por ser homossexual. Esse tipo de relação, de comportamento, é visto como uma orientação do desejo. Mas, conforme afirma Dra. Sylvia, esse conceito é recente, visto que somente em 1993, a Organização Mundial da Saúde deixou de considerar a homossexualidade como doença, passando a ser uma condição da personalidade humana. E só em 1999 o Conselho Federal de Psicologia passou a condenar as promessas, muito comuns entre alguns médicos menos profissionais, de que irão “curar ” o homossexualismo.
A pesquisadora afirma que a aceitação de cassais homossexuais masculinos sempre foi maior que a de casais homossexuais femininos, conforme comprovado pela divulgação e modo de tocar no assunto feito pela mídia em geral. Quando o assunto trata de homossexualismo feminino sempre haverá alguém para solicitar que este tema tabu não seja inserido na discussão.
Longe de querer polemizar sobre a definição da homossexualidade feminina, a médica, especialista em terapia sexual, diz que pelo fato de que “ até hoje não surgiu nenhuma teoria que trate exclusivamente do lesbianismo. As mulheres homossexuais têm sido tratadas pelos pesquisadores como as mulheres são geralmente tratadas, como segundo sexo”
( citação de Charlotte Wolff )
O tema Homossexualismo Feminino vem sendo apresentado na mídia no sentido de que seja discutido o projeto de Lei que regulamenta a união homossexual. Afirma em seu artigo a Dra. Sylvia, que é imprescindível dar cidadania ao homossexual, citando que em alguns países da Europa já existem legislações que normatizam as relações homossexuais, prevendo, na Holanda por exemplo, até a adoção de crianças por casais homossexuais.
O assunto é delicado, amplo e necessita de discussões profissionais nos níveis legislativo, executivo e principalmente por parte do maior interessado no tema: a sociedade.
* Dra. Sylvia Faria Marzano é médica urologista e terapeuta sexual formada pela PUC-SP em 1978 com especialização no Children´s Hospital Boston—MA, USA

OS IGUAIS “DIFERENTES”

“ONG Nuances”

O preconceito a homossexuais no ambiente de trabalho é uma realidade ainda velada.. Poucos têm coragem de denunciar, e com isso não há dados concretos que dimensionem o tamanho do preconceito. Embora poucos homossexuais tenham coragem de denunciar e não existam dados nacionais concretos, sabe-se que a discriminação a gays e lésbicas existe e tende a crescer, com a confirmação de uma nova geração também preconceituosa. O medo e a falta de informações são os maiores responsáveis pelos baixos números de denúncias. nuances@starmedia.com.br
“ NÃO TENHA MEDO, DENUNCIE ”

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Menina desaparecida no DF

Olá pessoal,

Achei importante utilizar o blog da turma para divulgar o desaparecimento da Isabela Tainara.
Muitos já devem ter escutado na mídia, lidos nos jornais seu desaparecimento.
Está desaparecida há nove dias.
Os familiares da menina fizeram um site com mais informações a respeito do seu desaparecimento.
www.isabela.tainara.nom.br

Por favor pessoal vamos divulgar este site por e-mail, quanto mais gente souber deste desaparecimento e gravar a fisionomia da Isabela, podemos colaborar com os pais que estão muito aflitos e até mesmo nas buscas que a polícia tem realizado.
Conto com vocês!!!
Obrigada!

Laíza Foizer Filgueira

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Gente boa e gente inútil


Conheci um rapaz que, há uns vinte anos, ganhou uma bolsa para estudar anatomia patológica nos EUA, e nunca mais voltou. Americanizou-se? Encantou-se? Ficou rico? Não, nada disso, mora numa cidadezinha gelada quase na fronteira do Canadá, tem um ordenado que lhe basta apenas para as despesas fundamentais, não se diverte, gasta os dias e boas horas da noite metido num laboratório. Foi incorporado aos pesquisadores de câncer. Notaram-lhe o talento, pediram-lhe que ficasse, e ele ficou. Brilhante entre os mais brilhantes alunos que passaram pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, desistiu do futuro, largou tudo, fez-se anônimo e pobre, ibgressou num claustro leigo, só deixando o seu trabalho para gemer um pouco de frio e saudade do Brasil, antes de dormir.


Homens como o Doutor Albert Schweitzer, capazes de trocar um destino artístico ou literário por um devotamento humanitário, são os santos de nosso tempo. A frieza de um laboratório, no entanto, ainda me parece um mundo mais estranho e árido do que a África Equatorial Francesa. Amar os homens por detrás de um microscópio, sem sentir nunca a reciprocidade do gesto generoso, é fantástico e humilhante para mim, tíbio comodista. Os fatos são duros. Aperta-se o cerco contra o câncer nos EUA e em outros países. A conquista do espaõ interplanetário não é tão emocionante quanto essa luta contra a morte. Antigamente, as epidemias chegavam de repente e dizimavam povos inteiros. As pestes modernas tomam aspecto moderno. As estatísticas sabem que 450 mil americanos serão vítimas do câncer este ano; destes, 260 mil estão condenados à morte. Sabe-se ainda, por exemplo, que no Norte dos EUA diminui a mortalidade por leucemia, mas no Sul a incidência mortal vem sendo acrescida. O mal é misterioso e aterroriza. Só não aterroriza o cientista escondido entre paredes assépticas, a isolar vírus, a traçar esquemas táticos, a vislumbrar esperanças, a chocar-se contra desilusões, a repetir, com o poeta, que cada nova tentativa é um fracasso diferente. É preciso usar nesta guerra - fala agora um cientista famoso - de todas as coisas que conquistaram mundos.


Admiro gente assim com a mais pura e selvagem simpatia de meu espírito.


Visitei há alguns anos o Instituto Pavlov, perto de Leningrado. Lá, em uma sala modesta e também fria, fui apresentado a um homem muito magro, desleixado no vestir, cabelos despenteados e de uma timidez de quem não tem o hábito de falar muito. Era um cientista famoso, chamava-se Victor Fiodorov. Pacientemente, ele me explicou a natureza das experiências que vinha realizando há longos anos, no sentido de tentar obter uma informação mais precisa sobre o câncer e a transmissão dos caracteres adquiridos. Contou-me com certa ternura a vida dos ratinhos assustados, detalhou-me suas idas e vindas, indutivas e dedutivas, pistas falsas, equívocos, surpresas repentinas, observações novas para a ciência, fez-me enfim um relatório completo daquilo que era a sua própria existência. Depois calou-se. Nesse ponto, naturalmente, ocorreu-me perguntar-lhe a que conclusão final chegara. O homem magro sorriu um sorriso decepcionado de criança que não ganhou presente, e respondeu-me: "Ainda não cheguei a qualquer conclusão; não há nada que me diga que eu haja contribuído para a cura do câncer".


Quando cheguei lá fora, num silêncio gravado pela neve e pelo grito estídulo das gralhas no alto dos abetos, compreendi que não poderia esquecer aquele sorriso nunca mais. Não faço nada pelo bem de ninguém e, decerto, faço mal a algumas pessoas. Mas o sorriso do cientista Fiodorov, ao revelar-me a sua frustração ao longo de tantos anos de trabalho, pelo menos me acusa e não me deixa esquecer de que vim ao mundo causando dores e sem procurar diminuir a dor de ninguém. Um inútil. Resta-me a vaidade vulgar de saber que não presto para nada, pois o bonito entre os intelectuais de hoje é não ter compaixão da humanidade. Azar meu, que tenho, e nada faço.


Paulo Mendes Campos
(in Homenzinho na ventania. Rio, Ed. Autor, 1962 p.19-22)


Foto: meu arquivo pessoal

Reflexões da Gente...

Li este texto há dois dias, e ainda me sinto desconcertada.
Por motivos óbvios, e por motivos sutis também.

Eu e meus arroubos utópicos sociais... que não sai onde vão parar, o quanto durarão, ou sequer a que vieram e como começá-los todos.
Eles estão comigo o tempo todo, e como sombras, como minha própria sombra a todo momento me acenam, e com rostos passíveis demonstram que vão aguardar mais um pouco. Entendem minha sempre pressa, sempre mil coisas, e eu entendo suas frustrações. Ambos entendemos nossas incertezas.
O tapa na cara, daqueles que diz assim: "toma este bitchslap!", é o desfecho mesmo.

Não, nem dá tempo de desfechos mea culpa, a coisa é simples mesmo.
Fico pensando.

Lembro do karma yoga.
No Bhagavad Gita, Sri Krishna, uma encarnação do deus Vishnu (o que sempre vem com boas novas aos homens) repete-se várias e várias vezes tentando fazer o pobre diabo do Arjuna, um arqueiro, meio covarde - meio temperamental, que ele deve agir certo antes de mais nada. E que isso basta a si mesmo. Não é o "agir certo porque logo vem o fruto" ou "não peques porque herdarás o paraíso". Krishna vende a idéia de que "Faça o certo e dê-se por satisfeito. O que vem depois não é pra ti, rapá!" No meu parco entendimento essa é a essência do karma yoga. Esqueça toda a lenga-lenga de acumular boas atitudes para pagar as más cometidas no passado, o buraco é infinitamente mais embaixo que essa fórmula ridícula.

Mas o karma yoga só funciona com a bhakti yoga.
Arjuna é encorajado a travar uma guerra contra toda a sua comunidade, família, amigos e todos os mais que residem naquele lugar. Nó! E a narrativa se passa numa única noite, o temeroso Arjuna só tem algumas horas pra entender aquelas verdades, e se decidir por agir ou fingir que não ver toda a sordidez, mesquinharia e corrupção em que ele e seu povo sucumbem. A única clemência do deus-flautista Krishna é a de vir a terra exclusivamente para aquela aula. Não tem paraíso depois, nem céu, nem inferno e nem oscar ou honra ao mérito.
E Arjuna... de pernas bambas e chorando feito um bebê... vai.

A bhakti que falei é isso ai, é essa sensação que as palavras não descrevem, mas que de alguma forma dão aquele impulso mínimo para fazer o que é certo. Sabe aquela rápida certeza de que, mesmo que não tenha nada depois disso, ou sabe-se lá se sairá com vida, mas que tranquiliza o peito dolorido.

Acho Cristo o exemplo puro de bhakti.
É, pra dizer em poucas linhas, essa esperança sem forma ou tamanho, mas suficiente para motivar cada novo passo, nova palavra, novo milagre. Do nascimento a morte. Passando sim, não sejamos tolos, pelo monte das oliveiras, numa penosa e solitária noite. E descendo ao calvário para uma morte humilhante.

Isso aqui não se trata de apologia ao mártir não, acho que nunca tive tanta certeza que isso ou é pra herói ou é pra idiota, e hoje em dia isso não cola mesmo.

Acho que independente do nome que leve, bhakti, karma, evangelho ou às conclusões que o Paulo Mendes naquele texto ali chegam, perspassam de forma simples mas de prática contudente a vida.

O dia-a-dia.

A mim, a você e a todo ser que nasça filho de humanos nesta terra.


Ao som de King Without a Crown - Matisyahu
Fim de tarde brasiliense, de mais uma sexta.


Foto: do meu arquivo pessoal

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Muito Além do Jabá

Esqueça as coreografias. Esqueça os refrões de fácil pronúncia. Esqueça os arranjos repetitivos. Agora fique em posição de lótus e esvazie a mente.
Respire...expire...
Respire...expire...
Respire...expire...
Olhe para frente: você verá um túnel e no fim, bem no fim, uma luz azulada.
Siga em direção à luz. Não tenha medo, feche os olhos e caminhe lentamente enquanto ouve alguns sons muito conhecidos: “minha éguinha pocotó”, “me pegue e puxe”, “tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha”...
Deixe-os seguir. Eles ficarão cada vez mais distantes, mais e mais distantes, até que desaparecerão.
Respire fundo e abra os olhos. A luz está bem próxima agora, “outros sons enchem o espaço”.
Entre melodias recheadas de batuques cadenciados e uma preguiçosa cuíca, uma voz aveludada vai cantar versos que você nunca ouviu.
No início você pode se assustar, afinal seus ouvidos estão condicionados a não identificar esses sons de imediato.
Relaxe.
Esse é o admirável mundo novo da música independente.

Estava passeando pela net e me deparei com um site bem interessante: www.naorelha.com.br . Lá você pode conhecer músicos que são figura fácil na Europa e mais recentemente nos EUA, porém muito pouco conhecidos no Brasil. Nas próximas semanas vou falar sobre os artistas que mais me chamaram a atenção. Alguns já conhecia, porém a maioria nunca tinha ouvido ou visto em qualquer outro lugar. É o universo underground da arte, onde você encontra a originalidade de quem trabalha com selos independentes, livre da influência exercida pelo mercado de comunicação de massa. Experimente! Essa pode ser uma viagem inesquecível.


Carolina Borges